Elas semeiam futuro, colhem conquistas e transformam a paisagem da ciência agronômica no Brasil. Cada vez mais presentes em laboratórios, salas de aula, fazendas e centros de pesquisa, as mulheres vêm mostrando que o agronegócio também floresce com o olhar feminino. Rompendo barreiras históricas e ressignificando espaços antes dominados por homens, elas unem conhecimento, inovação e sensibilidade para conduzir a agricultura, se destacando no cenário agrícola.
A presença feminina na agronomia e no agronegócio brasileiro vem crescendo de forma consistente e transformadora. Dados do Censo da Educação Superior de 2023 mostram que cerca de 55% dos estudantes de agronomia no país são mulheres, enquanto na pós-graduação em ciências agrárias elas representam aproximadamente 50% dos pesquisadores. No mercado de trabalho, o IBGE aponta que as mulheres correspondem a 30% da força de trabalho em cargos técnicos e gerenciais no setor agropecuário, ocupando cada vez mais posições de liderança e inovação em fazendas, cooperativas e startups de agrotecnologia. Além de impulsionar a economia, a presença feminina contribui para diversidade, sustentabilidade e inclusão, mostrando que o agronegócio também floresce com o olhar feminino.
Veridiana Cardozo Gonçalves Cantão, Professora da Faculdade de Agronomia e do Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal comenta que tem vivenciado o aumento da presença feminina nos cursos. “Quando iniciei minha formação, ainda era comum sermos minoria nas salas de aula e nos grupos de pesquisa. Hoje, com orgulho, observo turmas cada vez mais diversas, em que as mulheres não apenas ocupam espaço, mas também lideram projetos, conquistam bolsas de iniciação científica, de mestrado, doutorado e pós-doutorado e participam ativamente da vida acadêmica,” conta.

Thais Vieira dos Santos, acadêmica do 4° período da Faculdade de Agronomia da UniRV conta que desde pequena foi apaixonada pelo meio rural e enxerga de maneira inspiradora a presença de cada vez mais mulheres no agro. “Desde pequena sempre fui apaixonada pelo meio rural, quando criança, amava ir para fazenda com meu pai, ele sempre trabalhou no campo com a pecuária e em seguida começou na agricultura, então, por estar constantemente acompanhando ele na fazenda, vendo ele trabalhar com aquilo que gosta e estar desde pequena inserida no campo, o interesse pelo meio do agro veio de berço, falo até mesmo que foi o agro quem me escolheu. É muito gratificante ver as mulheres cada vez mais inseridas e buscando aprimorar ainda mais o conhecimento fazendo o curso da Agronomia,” compartilha a acadêmica.
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Camila Jorge Barnabé Ferreira também é professora na Faculdade de Agronomia e Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal, e conta que escolheu o agro acompanhando de perto o trabalho do pai. “Minha escolha pelo agro começou observando o trabalho do meu pai e também pelo desejo de fazer parte de uma profissão que tem um papel essencial: ajudar a alimentar o mundo. O Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do planeta, e desde que entrei na graduação me apaixonei pela docência e pela pesquisa, justamente por enxergar nelas a chance de transformar vidas, seja pela produção de alimentos, seja pela busca por soluções sustentáveis ou inspirando futuras Engenheiras Agrônomas na profissão,” conta a Docente.

Veridiana conta que desde o início, compreendeu que o agro vai muito além da produção, estando diretamente ligado à segurança alimentar, ao equilíbrio ambiental e ao bem-estar coletivo. “Não fui eu quem escolheu a Agronomia; foi ela que me escolheu. Permaneci nessa área por acreditar em seu poder transformador e encontrei na fertilidade do solo uma forma de unir ciência e prática. Com o tempo, também descobri minha paixão por ensinar e inspirar pessoas nesse campo tão nobre. Hoje, ser professora e pesquisadora me permite não apenas contribuir com soluções sustentáveis para o campo, mas também formar profissionais conscientes, críticos e preparados para enfrentar os desafios de um mundo em constante mudança,” comenta.
Thais desenvolve um trabalho de pesquisa que trata dos impactos do manejo da adubação fosfatada associada a microrganismos solubilizadores na soja sobre o desempenho do nitrogênio no Gergelim em condições de campo, e completa que a participação feminina trouxe bastante relevância em novas pesquisas, no desenvolvimento de soluções para certos problemas agrícolas, inovação e soluções criativas e eficazes para os desafios que aparecem no dia a dia, tanto no ambiente acadêmico quanto no campo. “Muita das vezes, nosso jeito de lidar, com mais cuidado, empatia e atenção aos detalhes, acaba trazendo resultados muito positivos, tanto em sala de aula quanto no campo exercendo trabalhos em equipe,”
Camila cita que quando pensa na presença das mulheres na Agronomia, sente que está vivendo um verdadeiro momento de transformação. “Nos últimos anos, vimos um crescimento no número de mulheres no curso, resultado tanto da força do setor agrícola quanto da quebra de alguns paradigmas que limitavam nossa atuação. Hoje, é motivo de orgulho ver ex-alunas ocupando posições de liderança no agro: gerenciando equipes em grandes empresas, conduzindo pesquisas, empreendendo como produtoras rurais ou atuando na área comercial. Já caminhamos bastante, mas seguimos firmes na luta por mais igualdade de oportunidades,” afirma a Professora.
Veridiana conta ainda que, ao longo da sua trajetória, percebe que o caminho das mulheres na liderança de projetos de pesquisa, extensão e atividades de campo é construído com muita dedicação, sensibilidade e competência. “Os desafios existem, principalmente pela necessidade de conquistar confiança em ambientes onde, por muito tempo, a presença feminina foi bastante discreta. Em alguns momentos, é preciso reafirmar nosso conhecimento técnico, nossa experiência e nossa capacidade de tomada de decisão. Mas acredito que isso tem mudado com o tempo, graças à seriedade e ao comprometimento com que muitas mulheres vêm conduzindo seus trabalhos,” exemplifica a Docente.
“Servir de inspiração para outras mulheres é uma das conquistas mais gratificantes que uma líder na área pode ter, como inspirar outras mulheres a seguirem carreiras voltadas ao campo, onde muitas acabam desistindo por não terem espaço e oportunidade. Outra conquista que considero muito importante é o reconhecimento recebido pelo trabalho executado, não tem nada melhor que você ser reconhecida e levar um mérito por algo que foi do seu esforço e dedicação,” afirma Thais.
“Muitas vezes, a presença feminina em espaços majoritariamente masculinos exige ainda mais dedicação, resiliência e firmeza de posicionamento. As mulheres na Agronomia têm mostrado que a liderança pode ser exercida também com sensibilidade, diálogo e colaboração e isso tem feito toda a diferença. O agro precisa dessa diversidade, e a presença feminina é, sem dúvida, parte fundamental dessa evolução,” reforça Camila.
“A agricultura precisa de olhares diversos, de mentes curiosas e comprometidas, de pessoas que dispostas a construir soluções com responsabilidade e sensibilidade. Se você sente esse chamado, não se deixe abalar por estereótipos ou inseguranças. O caminho pode, sim, apresentar desafios, mas também traz muitas conquistas, entre elas a oportunidade de contribuir com o que tem de melhor. O Agro é um campo vivo, cheio de possibilidades, e cada mulher que entra nesse caminho ajuda a torná-lo mais humano, mais justo e mais completo,” mensura Veridiana.
Equipe Ascom UniRV
Jornalista: Vanderli Silvestre - CRP 4126/GO
Arte: Vinicius Macedo