Entre pilhas de livros para estudar em períodos de provas, organiazar TCC, atividades práticas e estágios, e noites mal dormidas embalando bebês, contando histórias para dormir ou mesmo mantendo o insubstituível diálogo, muitos acadêmicos vivem uma jornada dupla que vai além dos muros da Universidade. Conciliar a vida acadêmica, atendendo as exigências intelectuais e os prazos apertados com a paternidade é um exercício diário de equilíbrio, afeto e resiliência. Neste mês dos Pais, vamos conhecer as histórias e reflexões de quem divide o tempo entre o compromisso com a educação e o afeto da paternidade, mostrando como esses papéis se entrelaçam e se fortalecem mutuamente.
Euripedes Barsanuz Santos Alves está no 10º período de Engenharia Civil e conta um pouco como foi a vida profissional antes de vir para Faculdade. “Antes de retomar os estudos estava há sete anos em uma empresa que não tinha perspectiva de crescimento, decidi dar um passo importante me candidatando em uma vaga em outra empresa, buscando sempre adquirir novas experiências e melhoria profissional. Nesta empresa, vesti a camisa e sempre fazia mais do que era proposto. Mas pela vontade de Deus, fui desligado mesmo dando o meu melhor, fiquei sem chão,” compartilha.

O acadêmico compartilha ainda que a Faculdade abiu possibilidades para trabalhar na área como empresário. “A engenharia abriu um leque pra mim, abriu minha mente e fui convidado pra ser sócio de uma empresa por meu amigo, e de colaborador, passei a empresário, tenho minha própria empresa de manutenção e montagem industrial. Hoje, não somente gero empregos, mas inspiro os meus 12 colaboradores a buscarem conhecimento e se aprofundarem para obterem melhores classificações, com isso, além de um salário melhor darão uma qualidade de vida adequada para suas famílias através do conhecimento adquirido nas suas capacitações,” menciona.
Eurípedes conta que decidiu estudar para oferecer uma vida diferente da realidade da sua família, que enfrentou muita dificuldade financeira na infância, e que a maior dificuldade em conciliar vida familiar e jornada acadêmica foi sair cedo para trabalhar, deixar a família em casa e enfrentar o cansaço de tentar equilibrar tudo. “Minha esposa ficou muito feliz quando vim estudar, sempre me apoiou e me apoia até hoje cuidando do nosso filho, me ajudando em tudo que está ao seu alcance. Quero dar um exemplo para meu filho, para que ele lembre de mim como um homem que ama trabalhar, serve a Deus, não passa por cima de nada e de ninguém pra sobressair e o provedor do pão de cada dia, pra que um dia, ele faça o mesmo no futuro com um sorriso no rosto, gratidão a Deus. Estou construindo mais do que uma herança, construindo um legado.,” completa.
Marcelo Augusto cursa Medicina no Campus Rio Verde e exerce o papel de ser pai, tentando organizar os afazeres para conciliar as duas rotinas que exigem dedicação em tempo integral. “Acho que o maior “desafio” em relação à vida acadêmica, é de ter que “caber” o meu dia no período em que meu filho está na escola. Conseguir organizar todos os meus afazeres, entre aulas, estudo e treino, no horário em que ele está estudando. Mas o prazer de receber o melhor abraço do mundo seguido de um “papaaai”, faz toda a correria e o cansaço valer a pena,” conta.

O estudante do 7º período completa falando que é preciso mostrar diariamente bons exemplos e descreve de maneira emotiva, o que é ser pai. “Eu tenho que mostrar, diariamente a ele, que desculpas não nos levam a lugar nenhum. Nós devemos sempre olhar nossa realidade e avaliar o que de melhor podemos fazer na condição que temos. Tem gente com a vida muito mais difícil, que fez muito mais que nós. Não me vejo no direito de reclamar de nada, Deus sempre cuidou e cuida da minha família, então eu só posso agradecer. Pra mim, ser pai e minha maior vocação. É o maior privilégio que eu poderia vivenciar nesse mundo. É um amor que não começa à primeira vista, mas que cresce diariamente, infinitamente. Eu só conheci o amor, verdadeiramente, quando eu o conheci. Olhar pra ele é o que me faz trabalhar e lutar por um mundo melhor, por ele,” finaliza Marcelo Augusto.
Outro acadêmico que concilia as duas rotinas é o estudante da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Fabio Martins, que voltou a estudar depois de muito tempo só focado no trabalho. “Nunca pensei que voltaria a estudar depois de tanto tempo focado no trabalho, mas algo dentro de mim dizia que ainda havia espaço para um sonho antigo: cursar Arquitetura e Urbanismo. Sempre admirei a capacidade de transformar ideias em espaços, de dar forma àquilo que antes só existia na imaginação. Foi esse desejo, somado ao olhar atento para o futuro da minha família, que me motivou a dar esse passo. Mas conciliar a rotina de pai, católico, estudante e trabalhador não tem sido fácil. Os dias parecem ter menos horas e quase sempre o cansaço me desafia a continuar. Mas eu sabia que não seria simples. Hoje, divido meu tempo entre as responsabilidades da Faculdade, o trabalho em um escritório renomado como a 3+ Arquitetura, os compromissos com a minha família e, é claro, com a igreja, que são minha base e maior motivação,” comenta.

Fábio completa falando que voltar a estudar transformou sua vida profundamente. ”Ganhei uma valorosa oportunidade na 3+ Arquitetura, onde dedico minhas manhãs a aprender e colocar em prática tudo o que venho estudando. Profissionalmente, minha visão se ampliou, novas ferramentas surgiram e caminhos antes distantes começaram a se abrir. No lado pessoal, redescobri disciplina, resiliência e uma paixão renovada pelo aprendizado. Acredito que o maior exemplo que deixo para minha família com essa escolha é o de nunca desistir dos próprios sonhos. Mostrar que não existe idade certa para recomeçar, que aprender é um processo constante, e que o esforço vale a pena, sempre. Se um dia enfrentarem momentos difíceis, quero que lembrem que eu não parei de lutar pelos meus sonhos, mesmo diante das dificuldades e perdas ao longo da vida. Neste Dia dos Pais, não espero homenagens. Mas deixo uma mensagem: é possível construir, ao mesmo tempo, o futuro da nossa família e o nosso próprio. Tenha Deus no coração, coragem para começar e amor para continuar,” conclui.
Equipe Ascom UniRV
Jornalista: Vanderli Silvestre - CRP 4126/GO
Arte: Rogério Guimarães