O cuidado com a saúde mental tem ganhado novas abordagens terapêuticas que combinam ciência, sensibilidade e contato com a natureza. Entre essas abordagens, as Terapias Assistidas por Animais vêm se destacando por promoverem benefícios emocionais, comportamentais e sociais a pacientes com diferentes condições, como a depressão e os transtornos de ansiedade. Uma das formas mais conhecidas dessas terapias é a equoterapia, prática que utiliza cavalos como co-terapeutas em sessões que unem saúde, educação e bem-estar.
Aprovada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) desde 1997 e pela Associação Nacional de Equoterapia (ANDE-Brasil), essa prática vem sendo empregada como método complementar de tratamento para indivíduos com deficiências físicas, distúrbios mentais e do neurodesenvolvimento, como o Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), depressão e ansiedade.
A interação com o cavalo vai muito além da atividade física. Durante as sessões, os praticantes aprendem a observar e a lidar com os próprios sentimentos enquanto cuidam do animal, montam e interagem em atividades cuidadosamente planejadas. Essa rotina ajuda a promover autoestima, concentração, equilíbrio emocional e sensação de pertencimento.
Segundo a Professora Ma. Letícia Sousa Oliveira, da Faculdade de Psicologia da Universidade de Rio Verde, o contato com o cavalo oferece estímulos sensoriais, motores e emocionais que impulsionam o desenvolvimento neuropsicomotor e emocional do paciente. Além disso movimento tridimensional do animal tonifica a musculatura e o equilíbrio, enquanto a relação com o cavalo e com a equipe promove laços afetivos e segurança emocional.
“A equoterapia tem apresentado resultados positivos no controle da impulsividade, aumento da atenção e da concentração em crianças e adolescentes com TDAH. Há muitos estudos que demonstram que a prática auxilia no desenvolvimento da autorregulação comportamental e da autoestima, além de aprimorar habilidades sociais”, explica a Professora.
A Professora explica ainda que em indivíduos com TEA, a equoterapia serve como recurso terapêutico eficaz no estímulo à comunicação. “Auxilia na melhoria da interação social e na redução de comportamentos repetitivos. Pesquisas ressaltam que o ambiente lúdico e não convencional facilita o envolvimento do autista, impulsionando avanços emocionais e cognitivos”, detalha.
Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal da Paraíba, em 2024. demonstrou que a equoterapia pode reduzir sintomas de ansiedade, melhorar o humor e até fortalecer os laços sociais de pacientes que antes se sentiam isolados. Os pacientes apresentam melhora no humor, aumento da autoconfiança e maior motivação para as tarefas do dia a dia. O contato com o animal e com a natureza proporciona sensação de acolhimento e bem-estar.
A Professora conclui que a equoterapia é um método seguro nestes tratamentos. “A equoterapia surge como um método seguro e eficaz para o tratamento de distúrbios como TEA, TDAH, depressão e ansiedade. Seus benefícios abrangem desde melhorias físicas e motoras até avanços emocionais e sociais, promovendo qualidade de vida e inclusão”, afirma.
O reitor, Professor Dr. Alberto Barella Netto, comenta o envolvimento dos acadêmicos no desenvolvimento da área, que cresce como um segmento promissor na área da saúde. “A equoterapia é uma prática que envolve uma equipe multidisciplinar, com fisioterapeuta, psicólogo, terapeuta ocupacional e profissional do equino, se mantendo como uma área em expansão. Baseada nos resultados de pesquisas, o caminho das Terapias Assistidas por Animais é promissor, e nós da UniRV oferecemos suporte aos acadêmicos interessados em explorar este campo”.
Equipe ASCOM
Jornalista Ana Júlia Sales
Capa: Vinícius Macedo