Em novembro, celebramos a Consciência Negra, destacando o dia 20 como uma homenagem às lutas dos movimentos negros contra a opressão causada pela escravidão. Essa data foi escolhida para honrar a memória de Zumbi, influente líder do Quilombo dos Palmares no Nordeste brasileiro. O Dia da Consciência Negra é uma data que traz a oportunidade de reflexão sobre os cerca de 350 anos de escravidão e tráfico de populações negras da África para o Brasil, que marcaram a história do país.
A estudante do 4º período de Psicologia, Bruna Fagundes Rosa, afirma que se orgulha de sua ancestralidade e ressalta que a data é também uma forma de recordar uma luta tão importante para o povo negro e para a sociedade como um todo. “Este dia carrega uma importância pra mim porque nos lembra a morte de um importante líder pra sociedade brasileira, o Zumbi dos Palmares, e lembra também que as pessoas negras e os aliados antirracistas precisam se conscientizar e se mobilizar em prol de uma abolição que ainda não ocorreu completamente”, afirma.
“Somos uma sociedade diversa e embora isso seja bom, ainda temos discriminação escancarada em todos os ambientes. Por isso precisamos desta data para falar sobre o movimento negro, uma vez que o Brasil foi o maior território escravista das Américas e o reflexo disso permeia até hoje na nossa sociedade”, explica a acadêmica.

Embora haja um longo percurso na batalha contra o racismo, é crucial reconhecer as conquistas das comunidades negras, especialmente no âmbito das ações afirmativas implementadas.
Para o acadêmico Paulo César de Sousa Filho, do 4º período de Direito, o Dia da Consciência negra simboliza uma realização de gerações. “Com o passar do tempo, tiveram nomes emblemáticos, como Zumbi dos Palmares, e várias leis que foram criadas para que a abolição da escravidão acontecesse. Mesmo assim, muitos negros não eram reconhecidos como ser social e eu vejo que com o passar dos anos, cada vez mais, nós temos sido reconhecidos e mais incluídos na sociedade. Grande parte disso é por conta deste marco nacional, o dia 20 de novembro, que acaba sendo importante para toda a sociedade”.

Desde a abolição, várias leis foram promulgadas, conforme mencionado pelo estudante. A Constituição Brasileira de 1988 introduziu mudanças significativas para reparar a comunidade negra, incluindo a legislação, que criminaliza preconceito racial e o torna crime inafiançável (Lei nº 7.716, de 1989). O documento também estabelece o ensino obrigatório de história e cultura afro-brasileiras na educação básica (Lei nº 10.639, de 2003).
Embora essas leis sejam reparadoras, é fundamental avançar em ações afirmativas para garantir uma representação mais significativa da população negra em todas as esferas sociais.
A Lei nº 12.711, criada em 2012, instituiu cotas de acesso a universidades federais e ao ensino médio de instituições federais para estudantes negros. Essa medida tem proporcionado oportunidades transformadoras para muitos jovens, ampliando suas perspectivas de vida e trabalho.
O servidor, senhor José Aparecido dos Reis Santana, conta sobre o significado desta data para sua vida e reforça o que a sociedade deve ter em mente. “Esta data significa tudo para mim, tenho orgulho de ser negro. O racismo existe no Brasil todo, mas muitas vezes os casos passam despercebidos. Hoje, na Universidade, temos muitos negros e precisamos reconhecer essas conquistas”, comenta.

A Universidade de Rio Verde está ativamente engajada na luta contra o racismo, garantindo assistência estudantil para esse propósito. A instituição pretende fortalecer ainda mais essas iniciativas, baseando-se nos resultados positivos observados desde a implementação da Lei nº 12.711. A defesa da continuidade das cotas e o aprimoramento da legislação são fundamentais não apenas para garantir o ingresso, mas também a permanência dos estudantes na universidade, possibilitando que concluam sua trajetória acadêmica com qualidade.
A professora do curso de Enfermagem, a especialista Ana Cleides Pereira dos Santos, conta que se orgulha de sua jornada de resiliência, como mulher, negra para chegar aonde chegou. Ela vê a data também como um convite à reflexão. “Acredito que o 20 de novembro vem como uma forma de desconstrução de estereótipos e preconceitos racistas e também de valorização, promoção e reconhecimento da nossa história e cultura. Vejo como um convite para promover igualdade e para trabalharmos juntos para uma sociedade mais justa e acessível”, assinala.
Para a docente, o papel da Universidade na luta contra o racismo é fundamental: “Este é um local de extrema importância para elaborar estratégias que promovam a igualdade e políticas de inclusão, além do papel social que a universidade exerce diante da comunidade”.

No Dia da Consciência Negra, o reitor, professor Alberto Barella Netto, expressa seu compromisso inabalável com a promoção da diversidade e igualdade na UniRV. “Reconhecemos a importância das contribuições significativas da comunidade negra para a construção da sociedade. Temos o comprometimento em combater o racismo, com iniciativas de inclusão e equidade. Hoje, instigamos a comunidade acadêmica a refletir sobre a importância do respeito mútuo e a construção de um ambiente universitário mais justo e inclusivo”, declara.
Equipe ASCOM
Jornalista Ana Júlia de Oliveira Sales
Fotos: Herison Tessari
Revisão: Anielle Morais - Mtb 12.730 JP/MG